Nestes tempos em que os governos, empresas e cidadãos em todo o mundo despertam para a urgência da preservação da natureza, do meio ambiente e para a conservação dos recursos naturais como a única forma de assegurar a qualidade da vida e a permanência pacífica da humanidade sobre o nosso planeta; o setor da construção civil também vem buscando, re-inventado e implementando métodos, sistemas, técnicas e tecnologias, das mais antigas as mais modernas, para atender aos pré-requisitos de um tipo de habitação mais eficiente – A habitação consciente, ecológica e sustentável.
Esta urgente e nova ordem mundial requer
de cada líder, cada povo e de cada indivíduo, uma reflexão e uma tomada
de consciência mais rápida, que agilize a mudança de atitudes e dos
costumes que estávamos habituados a ter.
De agora em diante o nosso lema, foco e
compromisso são: a auto-sustentabilidade, a cultura do “não
desperdício”, o consumo consciente, a economia dos recursos naturais, a
redução de emissão de CO2 na atmosfera, a qualidade de vida, a economia
de recursos naturais e a geração de renda, ascessível e possível à
todos.
A sustentabilidade baseia-se nos
seguintes aspectos: ambiental, econômico e social, que devem coexistir
em equilíbrio; direcionando o resutado da equação: projeto x construção x
habitação, para o ideal das escolhas específicas, únicas, originais e
personalizadas para cada indivíduo, cada grupo, região, sempre
considerando o meio ambiente, o homem e os recursos disponíveis.

Imagem: Maquete do trabalho elaborado pela equipe do Laboratório de Planejamento e Projetos LPP/CAR/UFES.
É neste contexto que entram a
arquitetura e a construção sustentável e ecológica, ou como alguns
denominam – a bioarquitetura e a bioconstrução – como modalidades de
projetos e de obras de reforma e construção, que se fundamentam no uso
de mão de obra e de materiais regionais, e ecologicamente corretos,
recicláveis, reutilizáveis, sustentáveis, não-poluentes; que não agridam
o meio ambiente, seja em seu processo de obtenção ou de fabricação,
seja durante a sua aplicação imediata, ou ao longo de sua vida útil.
Os profissionais comprometidos com essa mentalidade avaliam os pre-requisitos para a viabilidade ecológica, econômica e social antes, durante e depois da concepção do projeto e da obra, levando-se em conta os recursos e materiais disponíveis no local ou região, combinando-se a isto as diversas técnicas milenares de construção e as mais modernas tecnologias que se dispõe no mercado, norteando-se pelos princípios a seguir:
Os profissionais comprometidos com essa mentalidade avaliam os pre-requisitos para a viabilidade ecológica, econômica e social antes, durante e depois da concepção do projeto e da obra, levando-se em conta os recursos e materiais disponíveis no local ou região, combinando-se a isto as diversas técnicas milenares de construção e as mais modernas tecnologias que se dispõe no mercado, norteando-se pelos princípios a seguir:

Detalhe da construção de chalé com
base estrutral de pedras roladas assentadas com argamassa, pilares e
estrutura de telhado de madeira de reflorestamento e paredes de típa
leve em malha de bambú. Fonte: Ecovila Viver Simples
O uso de matérias-primas naturais e
renováveis, disponíveis natureza e na área do entorno da obra, tais
como: mão de obra local, pedra rolada, pedra de mão, madeira de
reflorestamento certificadas; bambu; areia; barro e terra utilizados em
forma de adobe, super-adobe, taipa leve, ou taipa de pilão.
No quesito divisórias podem ser usados
cascalho, brita, taipa (composto por barro pilado, misturado com palha,
aplicado sobre uma trama de bambus ou de galhos e troncos de árvores ou
arbustos resistentes e excedentes na mata), e para os acabamentos cai
muito bem usar conchas, palhas, fibras naturais e pinturas a base de cal
com pigmentos e corantes naturais, ou o uso de “ecotintas”
industrializadas já prontas para a aplicação.

Detalhe da calha em telhado verde para coleta de águas das chuvas – Fonte: Habitare.
A economia do consumo de água potável,
com a utilização de sistemas que proporcionam o reuso de água da chuva,
por meio da sua coleta, armazenagem e reutilização, que pode ser usada
para a descarga de sanitários, regas de jardins, lavagem de pisos e de
automóveis e para a refrigeração; assim como para o sistema de combate a
incêndio e demais usos permitidos para água não potável.
Outra medida para a redução do consumo
de água potável, que assegura uma enorme economia, advém da instalação
de vasos sanitários com bacias acopladas acionadas por válvulas
especiais, que acionam dois tipos de fluxos de água para descarga: um
com um volume maior e outro com volume menor de água, específicos para o
tipo de descarga sanitária que se necessita.
O uso de torneiras para lavatórios com
acionamento eletrônico ou temporizador por pressão também garantem a
redução do consumo e o uso inteligente e consciente da água.

Esquema de coleta solar, armazenamento, distribuição e uso da energia para aquecimento de água.
A economia de energia que se pode obter
com a implantação de sistemas alternativos e eficientes de captação e de
armazenamento, como a instalação de placas coletoras da luz do sol no
telhado, garantem o aquecimento da água.
A auto-suficiência energética capaz de
produzir a eletricidade necessária para fazer funcionar equipamentos
elétricos e eletrodomésticos de toda a casa também pode ser obtida
através da energia solar, quando se faz o uso de coletores acoplados a
baterias especiais.
Em regiões de alta incidência de ventos pode-se ainda lançar mão de sistemas para a captação da energia eólica (ventos).

A beleza e criatividade do colorido
mosaico feito com cacos de azulejos na parede desse Hall que se integra
ao piso de pedras locais e as madeiras de demolição das esquadrias.
Fonte: Earthship Biotecture.
O uso de matérias-primas recicláveis ou
reutilizáveis advindas dos excedentes e refugos da construção civil,
como: placas de concreto armado, blocos de cimento para calçamento,
madeiras, esquadrias, telhas, tubos, entulho, assim como os azulejos e
pisos cerâmicos descartados que podem ser aplicados na confecção de
painéis e pisos de mosaico.
Isto se dá também com uma infinidade de
materiais, oriundos de vários outros setores da indústria, tais como:
ferros e vergalhões, paletes, pneus, vasilhames do tipo pet, garrafas e
garrafões de vidro, latinhas de alumínio, barris e galões de plástico e
de uma outra imensa variedade de materiais que podem ser facilmente
encontrados em ferros-velhos, lojas de material de demolição e brechós,
como por exemplo: dormentes, assoalhos, esquadrias, ferragens, vidros,
espelhos, cacos de vidro, garrafas de vidro, ladrilhos hidráulicos,
louças, metais, bancadas, móveis e etc.

Paredes de garrafas multicoloridas,
assentadas com argamassa de barro, banheira e piso de pedras e argamassa
de barro tingida com pigmento natural na cor verde e cúoula de ferro e
vidros de ferro velho. Fonte: Earthship Biotecture.

Paredes de pneus, latinhas de alumínio, taipa de barro tingido com pigmento natural (p.e. urucum) Fonte:Earthship Biotecture.
É possível encontrar também no mercado
materiais já prontos para a utilização, como: telhas, forros, tapetes,
carpetes, móveis, conduítes, painéis e divisórias feitos a partir da
reciclagem de embalagens do tipo longavida e de diversos tipos de
plásticos, papelão, fibras naturais, restos de madeireiras; além de
lâmpadas com maiores índices de economia e de durabilidade, ideais tanto
para residências, empresas, condomínios e estabelecimentos comerciais.

Telhado verde , que reduz o calor e protege do frio em qulaquer tipo de habitação
Uma construção executada levando-se em
conta a direção e a velocidade dos ventos dominantes, será sempre mais
saudável, pois será sempre bem ventilada, terá sua atmosfera interna
sempre renovada e jamais será abafada, ou guardará calor excessivo nos
meses mais quentes. Tampouco será húmida ou gelada demais nos meses de
inverno.
Pois toda habitação abafada e quente ou umida e gelada demais está fadada a propiciar a multiplicação de doenças.
Para o bem da saúde de todos os
usuários, toda habitação deve primar pelo equilíbrio e o conforto
térmico. A implantação correta da habitação no terreno, assegura que se
tenha um ambiente saudável e confortável, em qualquer estação do ano,
proporcionando um clima intra e extra ambiental sempre temperado e
ameno; dipensando-se o uso de ar concidionado e outros eletrodomésticos
para o resfriamento ou aquecimento dos ambientes.
Necessidades básicas como ar, alimento,
água e abrigo são instintivas a todos os seres humanos assim como para
todos os animais. Todos nós buscamos a segurança de viver bem, com mais
conforto e saúde. Todos nós anseamos por boa comida, abrigo, segurança,
geração de renda e qualidade de vida.
É importante saber que apesar de muito
generoso, o nosso planeta também tem limitações nas reservas naturais de
energia que pode dispor, de modo a cuidar bem e igualitariamente de
tanta gente. De todos nós!
A água potável, as reservas de energias
fósseis, a capacidade dos mares de gerar alimentos, da atmosfera para
nos fornecer o ar que respiramos e das áreas cultiváveis no planeta para
produzirmos o nosso alimento na terra são limitadas, e que devido ao
desperdício, da poluição, do consumo desenfreado e da ganância, podem se
esgotar.
Uma casa, um consultório, um hotel, um
escritório, um condomínio, uma loja, um restaurante, um shopping, uma
empresa, uma indústria, uma rua, um quarteirão, um bairro, uma cidade,
um estado, um país ou um continente sustentável e ecológico são então o
fruto de uma equação bem fácil e simples de se implantar.
A habitação sábia tem o estilo
sustentável, ecológico, viável e econômico de ser e visa o bem estar e
bem viver das pessoas e o eficiente usufruir de tudo que a natureza e o
meio ambiente no nosso planeta tem a nos oferecer.